Carreira não é um jogo linear, no qual você passa de fase como numa escadinha rumo ao topo. Com tantas mudanças e disrupções acontecendo, não dá para garantir nem que sua organização exista no futuro, muito menos um plano de carreira. Para sermos protagonistas, precisamos encarar o jogo de frente, decifrando as regras e nos posicionando para jogar. Atitude de jogador requer explorar e ter papel ativo e consciente nas escolhas da sua carreira.
Compartilho nesse artigo ensinamentos valiosos de Fred Kofman em Conscious Business, um livro que recomendo para todo profissional de alto desempenho.
Quando a Verdade não é Suficiente
Imagine segurar uma maçã na sua mão direita. Ao soltá-la, a maçã cai no chão. Por que ela caiu?
Explicação 1: Gravidade
Explicação 2: Porque você a soltou
Se você só tivesse espaço para uma explicação, qual você escolheria? Ambas são verdadeiras, mas em apenas uma você tem poder operacional...
Se você escolheu "gravidade", segurar uma maçã e ela não cair deveria ser um milagre. Se você escolheu a explicação 2, você escolhe se a maçã cai ou não...
"Podemos explicar as coisas que nos acontecem de 2 formas: usando variáveis dentro de nosso controle ou variáveis fora de nosso controle." -Fred Kofman
E essas duas mentalidades determinam nossa postura: jogadores ou vítimas?
A Armadilha da Vítima
Vítima é quem foca em fatores fora de seu controle nas situações.
Isso não quer dizer que outros não podem ou não fizeram te fazer mal. Longe disso. O que muda é a postura em relação ao que aconteceu. A linguagem de vítima é sutil, joga a culpa nos outros e nas circunstâncias. Sentimo-nos inocentes e isso até gera compaixão nos outros. Mas, ao mesmo tempo, ficamos totalmente incapazes de qualquer reação. Exemplos típicos:
Foi ele(a) quem começou (a discussão, a briga, etc).
O projeto atrasou.
Fiquei preso(a) no trânsito.
A vítima é totalmente impotente em relação às suas decisões. Por conta das circunstâncias, não há nada que a vítima possa fazer. Ela não tem escolha. A postura de vítima inviabiliza o protagonismo.
"Vítima: Inocência leva à impotência." -Fred Kofman
Quem nunca se atrasou para uma reunião?
É fácil rir dessa situação... A pergunta difícil é: Qual é a sua escada rolante quebrada?
A Postura de Jogador
Jogador é quem foca no seu próprio comportamento e habilidade em responder.
Jogadores encaram o jogo de frente. Não deixam o vitimismo tomar conta. Eles desenvolvem a "Respons(abilidade)" = "habilidade em responder". Quando você tem postura de jogador, você tenta transformar os limões numa limonada. Se não der certo, não faz mal, você fez o possível. Não deixou na mão de outra pessoa a responsabilidade sobre a sua carreira.
Isso é empoderamento. Continuar no jogo, sempre há algo que é possível fazer. Sempre há alguma escolha. A postura de jogador prima pelo protagonismo.
Oportunidades aparecem quando menos esperamos. Na minha carreira, fui bi-campeão do prêmio CIAB Febraban nos anos 2010 e 2011. Selecionei e liderei as equipes, discutimos e trabalhamos durante almoços, após expediente e nos fins de semana. Tudo voluntário. Estávamos jogando, não sabíamos se iríamos vencer. Mas a vitória rendeu bons frutos.
Viramos capa da revista CIAB Febraban de junho de 2010, fomos convidados para visitar diversas áreas no banco e apresentar nossos projetos. Palestramos para executivos sêniores sobre o futuro dos bancos, que a concorrência futura viria da Amazon e da Apple. Falamos sobre Bitcoin e economia p2p. Pessoalmente, aumentei meu network, fiz novos amigos e recebi convites para assumir áreas de inovação.
Compartilho esse e outros casos em minha palestra Career Hacking, com foco em Protagonismo e Gestão de Carreira, utilizando exemplos de minha carreira no BankBoston, Itaú, Itaú BBA e Gallup. E utilizo esses conceitos com meus clientes de coaching, para eles buscarem formas de se destacar em suas carreiras com seus talentos CliftonStrengths. Conheça também um pouco da minha história de luta contra o câncer no artigo Mudanças e Escolhas.
Precisamos de Mais Jogadores
Na vida real, ninguém adota apenas a postura de vítima ou de jogador. Depende das circunstâncias e das pessoas, temos mais facilidade ou dificuldade em nos posicionarmos como jogadores. À medida que amadurecemos, fica mais fácil assumir o protagonismo e deixarmos um pouco de lado as pressões externas.
Se o jogo é ruim, vamos melhorá-lo, vamos hackeá-lo. Precisamos de protagonistas em suas carreiras, que buscam mais do que um salário. Gente que quer fazer a diferença, ter propósito, assumir riscos calculados. Profissionais que assumam sua humanidade, com suas virtudes e vícios, que direcionem seus talentos e pontos fortes para construir uma sociedade melhor. Menos mimimi e mais protagonismo!
"Se você não se sente parte do problema, não pode fazer parte da solução." -Fred Kofman
Perguntas que vão ajudar você a desenvolver uma postura de jogador:
Qual desafio você enfrentou?
Qual resposta você escolheu?
O que funcionou bem?
Você poderia ter respondido de forma mais eficaz? Com mais dignidade? Quais talentos você pode direcionar melhor?
Você poderia ter se preparado melhor para mitigar os riscos? Quais talentos você pode alavancar?
O que você gostaria que tivesse acontecido numa situação ideal?
O que você pode fazer para melhorar a situação? Como seus talentos podem te ajudar nesse sentido?
Empoderamento começa com uma mentalidade de jogador. E já é mais que hora de transformarmos o jogo.
E aí, bora Jogar?
Artigo publicado originalmente no LinkedIn: https://www.linkedin.com/pulse/procuram-se-jogadores-calebe-luo
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